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Enfim, vou falar de um assunto que já há algum tempo eu queria. Grupos de Apoio ou Grupos de ajuda.
"Existem hoje vários tipos de grupos de ajuda mutua, para lidar com
cada problema da sociedade: doença, mal-estar, discriminação, solidão.
Servem para compensar carências, reconquistar força e energia e vincar um
rumo para a mudança de vida.
O modelo foi adaptado dos Alcoólicos Anónimos, criado nos anos 30 do
Século XX, por um analista financeiro norte-americano, dependente do
álcool, e o seu médico.
Existem grupos físicos, normalmente salvaguardando o anonimato dos
seus membros, quase todos com um líder ou moderador (alguém que
superou o problema ou é um exemplo de recuperação) e grupos online cujos
membros podem ser anónimos ou com uma identidade conhecida.
O Psiquiatra Irvin Yalom, professor jubilado da Escola Médica de
Harvard, investigador das terapias de grupos, nos anos 90, conclui que
recriar experiências comuns entre os membros dos grupos converte-se
num agente de cura." (in: Wikipedia)
Hoje, com o crescimento das redes sociais, vários grupos se
formaram, através de chats, fóruns, na expectativa da ajuda mútua para a
solução de problemas, os mais diversos. Já participei, e ainda participo de alguns grupos, e é sobre isto que quero falar.
Não estou criticando, nem promovendo um grupo em particular, mas expondo as minhas observações.
Na verdade, o que vejo não é uma "troca" de experiências, mas um relato frio e simples das dores diárias, sem nenhuma resposta. Não vejo apoio, nem ajuda.
Alguém, desesperadamente triste com sua dor, escreve um pedido de socorro: - Gente, eu estou mal, sentindo muitas dores, apesar dos xxx medicamentos que tomo diariamente.
Aí, uma "alma caridosa " se anima a responder: - Amiga, isto é assim mesmo, nós portadores de xxx somos sofredores. Os médicos, os familiares, os amigos não nos entendem, os remédios não fazem o efeito esperado, nós estamos aqui para sofrer mesmo, somos mulheres!
E ponto final.
A amiga com dor, fica lá, diante do PC, sentindo mais dor, agora acrescida do peso do "descaso" do médico, dos familiares e dos amigos - está só - e mais ainda, com um peso do qual ela jamais vai se livrar: é mulher!!! Sim, porque a maioria dos casos de dores -doenças reumáticas, doenças autoimunes- é de mulheres.
Homem não tem cólicas, não engravida, não dá à luz!
Meu Deus, cadê a ajuda? Onde está o apoio? E o moderador, dono do grupo, responsável por esta porção de mulheres sofridas, não aparece para dizer: -Está errado, não podemos pensar assim. Nada como um dia depois do outro, hoje você está horrível mas, lembre-se que houve alguns dias bons. E que outros virão. Os medicamentos demoram a fazer efeito mas, você tem feito alguma coisa para mudar o "status quo"? Tem feito algum tipo de exercício, por pouco que seja? Tem tomado mais líquido? Mudou sua alimentação? Tem se cuidado mais ou passa o dia estirada na capa, de camisola até a tarde, sofrendo?
Meninas, o médico não é o senhor das nossas vidas! Ele não sabe tudo!!!
Medicamento não é poção mágica, isto só existe nas histórias da carochinha!!!
Família é muito bom, é um sustentáculo mas, cada um tem sua própria vida, até as crianças!!!
E os amigos, bom, estes são um caso à parte. Meus amigos são maravilhosos -falo dos meus mesmo- mas, se eu os encontro na rua e recebo a pergunta: - Oi, Neli, como você está? Jamais responderei com um relatório médico:
- Estou mal, com dores horríveis, sem ânimo para nada, com vontade de desitir de viver...
Porque tenho certeza que eles vão sair correndo de perto de mim e da próxima vez que me encontrarem vão apenas dizer "bom dia", não vão pedir o boletim atualizado das minhas dores.
Minha amiga fiel, aquela que é a "de todas as horas", confiável, interessada, que conhece os problemas pelos quais eu passo, na primeira oportunidade vai me procurar, pela rede social ou pelo telefone, e vai querer saber, com detalhes, como estou me sentindo. Para esta, aí sim, vou poder falar das minhas dores e temores, sem medo de um "deleta" ou "bloqueie". E dela virá o apoio, a ajuda.
Por que estou falando tudo isto?
Porque sinto que os grupos de apoio seriam excelentes instrumentos se houvesse alguém, ou alguns membros, que realmente tivessem tempo e preparo para respostas simples e objetivas, indicando um caminho para aquele membro, portador de uma doença sem cura e com poucos recursos de melhoras, a não ser remédios para a dor e antiinflamatórios. Um caminho bem delimitado, circunscrito a: alimentação, exercícios, hábitos saudáveis e higiênicos, boas leituras, bons programas na TV (difícel, né?), lazer barato e acessível a todos: artesanato, reciclagem, reaproveitamento de resíduos - o planeta agradece, e sua saúde também vai agradecer (e muito).
Sei que muita gente não vai concordar, mas precisamos rever nossos conceitos de apoio e ajuda mútua. Tenho visto muita reclamação, desabafo, mas troca de experiências mesmo, nenhuma. Por que ninguém aproveita os espaços para falar de sua melhora, do que em feito em busca de uma melhor qualidade de vida?
Desculpem-me os que não concordam. Espero ter ajudado em alguma coisa. Bjks. Neli Alves